O programa “Minha Casa Minha Vida” e a implementação das desigualdades: financeirização do direito à moradia e segregação espacial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24142/raju.v18n37a6

Palavras-chave:

direito fundamental à moradia, desafios, política pública, segregação, desigualdade

Resumo

Este artigo tem por objeto a investigação das políticas públicas de moradia no Brasil desde a instituição do Banco Nacional de Habitação e o seu processo de financeirização que se intensificou com o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), gerando processos de implementação de assimetrias sociais mediante efeitos segregacionistas. Analisam-se os aspectos positivos da mais ampla política de moradia no Brasil, seus desafios, pontos críticos e as suas distorções, quais sejam, a desconsideração de um direito em prol de um produto de mercado, benefícios a empresas da construção civil durante o período de crise em 2008, a padronização das construções sem se considerar as especificidades de cada região nem as necessidades das famílias, e por fim, a repetição histórica da segregação espacial como resultado de uma política concebida para fins de mercado, sem atender de forma adequada à implementação da moradia como um direito fundamental.

Biografia do Autor

Robison Francisco Pires, Complexo Educacional Renato Saraiva

Especialização em andamento em Especialização Lato Sensu em Direito Tributário, Complexo Educacional Renato Saraiva, Graduação em DIREITO, ICESP, Graduação em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas.

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Publicado

2023-11-29

Como Citar

Pires, R. F. (2023). O programa “Minha Casa Minha Vida” e a implementação das desigualdades: financeirização do direito à moradia e segregação espacial. Ratio Juris UNAULA, 18(37), 159–184. https://doi.org/10.24142/raju.v18n37a6

Edição

Seção

Artículos de investigación

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