ARTÍCULOS

doi: 10.24142/raju.v13n26a3

 

A PRODUÇÃO MONOGRÁFICA NA GRADUAÇÃO E O MECANISMO DA AUTO SABOTAGEM: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 1985-2015

 

LA PRODUCCIÓN MONOGRÁFICA PARA LA GRADUACIÓN Y EL MECANISMO DE AUTOSABOTAJE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 1985-2015

THE MONOGRAPHIC PRODUCTION FOR GRADUATION AND THE SELF-SABOTAGE MECHANISM: FEDERAL UNIVERSITY OF UBERLÂNDIA, 1985-2015

 

 

 

Cícero José Alves Soares Neto Docente aposentado, docente jubilado Universidad Federal de Uberlândia.

 

Recibido: 20 de agosto de 2017
Aceptado: 20 de septiembre de 2017
Publicado: 31 julio de 2018

 


Resumo

Esta reflexão apresenta o processo histórico de uma proposta metodológica inovadora para a época e implantada na Universidade Federal de Uberlândia, particularmente na área das Ciências Humanas, a partir de 1985, até a aposentadoria do docente, em 2015; ou seja, por trinta anos e três meses, na docência universitária numa instituição federal de ensino superior, no Brasil. A intenção final da análise será resgatar o ideário do que foi implantado e busca compreender o processo histórico do que foi feito e de como se desenrolou a proposta ambiciosa para a época.1 Sistematizando o período histórico analisado, distribui-se a reflexão em três etapas: a fase de implantação da proposta de trabalho, de 1985 a 1993; a fase de consolidação, de 1994 a 1999; e a fase de expansão, de 2000 a 2015.

Palavras chave:Motivação, resistência, auto sabotagem e adoecimento.


Resumen

Esta reflexión presenta el proceso histórico de una propuesta metodológica innovadora para la época e implantada en la Universidad Federal de Uberlândia, particularmente en el área de las Ciencias Humanas, desde el año 1985, hasta la jubilación del docente en 2015; es decir, por treinta años y tres meses. La intención final del análisis será rescatar el ideario de lo que se implantó y comprender el proceso histórico de lo que se ha hecho y de cómo se desarrolló la propuesta. La reflexión se distribuye en tres etapas: la fase de implantación de la propuesta de trabajo, de 1985 a 1993; la fase de consolidación, de 1994 a 1999, y la fase de expansión, de 2000 a 2015.

Palabras clave: Motivación, resistencia, autosabotaje y enfermedad.


Abstract

This reflection presents the historical process of an innovative methodological proposal for the time and implemented at the Federal University of Uberlândia, particularly in the area of Human Sciences, since the year 1985, until the professor’s retirement, in the year 2015; that is, for thirty years and three months. The final intention of the analysis will be to rescue the ideology of what was implemented and to understand the historical process of what has been done and how the proposal was developed. The reflection is divided into three stages: the implementation phase of the work proposal, from 1985 to 1993; the consolidation phase, from 1994 to 1999, and the expansion phase, from 2000 to 2015.

Key words: Motivation, resistance, self-sabotage and illness


1. Introdução
2. Fase de implantação: produção monográfica na graduação, 1985-1993
3. Proposta metodológica inovadora: o início
4. Las memorias de sostenibilidad y la divulgación de información sobre CI
5. Metodología
6. 6. Política universitária: mestrado em disseminação
7. Grupo de Estudos Metodológicos: GEM/UFU
8. Fase de consolidação: política universitária e resistência explícita, 1994-1999
9. Curso de Pedagogia: política de iniciação científica
10 .Propostas de Inovação: projetos
11. Resistência manifestada: conflitos emergentes
12. Fase de expansão: diretriz institucional e mecanismo de auto sabotagem, 2000-2015
13. Resistência institucional contraditória: avanços e desafios
14. Filosofia: proposta institucional
15. Mecanismos de auto sabotagem: ''origem social do ato de adoecer''
16. Ganho temático: nova caminhada
Conclusão
Notas
Referencias

 

 

1. Introdução

Esta reflexão apresenta o processo histórico de uma proposta metodológica inovadora para a época e implantada na Universidade Federal de Uberlândia, particularmente na área das Ciências Humanas, a partir de 1985, até a aposentadoria do docente, em 2015; ou seja, por trinta anos e três meses, na docência universitária numa instituição federal de ensino superior, no Brasil. A intenção final da análise será resgatar o ideário do que foi implantado e busca compreender o processo histórico do que foi feito e de como se desenrolou a proposta ambiciosa para a época. Sistematizando o período histórico analisado, distribui-se a reflexão em três etapas: a fase de implantação da proposta de trabalho, de 1985 a 1993; a fase de consolidação, de 1994 a 1999; e a fase de expansão, de 2000 a 2015. Em cada uma delas, insere-se no período refletido e, então, resgata-se a essência dos problemas vivenciados em cada fase. Conceitualmente, a análise apoia-se nos princípios educacionais construídos por Paulo Freire, por intermédio das suas obras Pedagogia do Oprimido (1978) e Pedagogia da Autonomia (2000). Neste contexto educacional universitário, buscou-se implantar as diretrizes metodológicas educacionais de Paulo Freire e percebe-se as consequências oriundas da ousadia inovadora proposta.

Metodologicamente, esta investigação apropria-se do método sócio poético para resgatar essa linha histórica desta proposta de trabalho e contextualiza o que foi feito e como se desenrolou o processo do projeto metodológico de implantação da produção monográfica na graduação da Universidade Federal de Uberlândia. Portanto, a questão central da investigação será: qual o processo histórico de implantação, consolidação e expansão da proposta da produção monográfica na UFU, no período de 1985 a 2015, por intermédio de um professor metodólogo específico?

Como se encontra estruturada esta análise, ou seja, qual a linha estruturante desta reflexão? A abordagem acha-se distribuída em três temáticas: na primeira, foca na fase de implantação da proposta de produção monográfica, com o surgimento do mecanismo de auto sabotagem; na segunda, na fase de consolidação, a experiência histórica no Curso de Pedagogia; e, na terceira fase, a de expansão, que culminou com o ganho temático da ''origem social do ato de adoecer, como desdobramento e prolongamento do mecanismo de auto sabotagem. Em cada uma delas, insere-se a interpretação para reconstruir como se desenrolou o processo histórico de cada período. Por fim, resgata-se a proposta, de forma geral e aponta-se para um novo contexto histórico do que essa caminhada propiciou.

 

2. Fase de implantação: produção monográfica na graduação, 1985-1993

Neste momento da reflexão, a meta será contextualizar a fase de implantação da proposta de trabalho, desde do seu início, configurando a inovação metodológica e os desdobramentos do corpo discente e a reação institucional historicamente construída à produção monográfica. E a pretensão da proposta configurada materializada no GEM/UFU. Portanto, a intenção deste período será mapear o que se apresentou como empreendimento metodológico e os protagonistas do processo histórico de reação e participação: os discentes e docentes, também.

 

3. Proposta metodológica inovadora: o início

No ano de 1985, ocorreu a inserção do autor desta reflexão no sistema federal universitário brasileiro, particularmente na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por intermédio de concurso de provas e títulos. O ingresso direcionou-se para o conjunto das disciplinas metodológicas da pesquisa, por meio das disciplinas como Métodos e Técnicas de Pesquisa, Técnicas de Pesquisa em Economia e Metodologia Científica. Ao assumir a docência metodológica, a tradição vigente era dominada por um sistema conservador de ensino de fichamento que se repetia ao longo dos anos, sem nenhuma renovação metodológica. Neste cenário didático tradicional, a ousadia metodológica caminhou no sentido de redefinir a avaliação semestral e anual e, então, implantou a proposta da produção monográfica, como requisito da disciplina metodológica. Inicialmente, ocorreu uma motivação diante do novo, que foi lentamente apagada a motivação pela proposta de rigor e estímulo a proposta de trabalho com menos superficialidade do início. E tudo isto, particularmente, ocorrendo no campo das ciências humanas e sociais aplicadas.

 

4. Reação discente e oficial: instalação da resistência

Diante da proposta da produção monográfica, a reação do corpo discente emergiu de forma pontual contra a intenção do novo sistema de avaliação. Além disto, uma parte do segmento do corpo docente somava o apoio a resistência discente e, então, o movimento contrário a implantação da produção monográfica só crescia de forma permanentemente. Um detalhe informativo do grau de resistência do cenário de confrontos entre o movimento conservador e a proposta inovadora define a correlação de forças: o professor metodólogo passou por vários cursos de graduação, ficando apenas por um ou dois semestres no máximo por curso. Pedia-se a transferência do docente para implantar a proposta noutro espaço, não mais naquele curso. A opção metodológica continuava sendo pelo sistema de fichamento e fichamento, apenas. De forma essencialmente tradicional.

 

5. Desdobramentos institucionais: mecanismos do poder

Diante dessa correlação de forças desiguais, um lado, com uma postura essencialmente conservadora, fundamentada na política de reprodução de conhecimento e apoiada nos fichamentos; e o outro lado, numa perspectiva empreendedora e direcionada para a produção monográfica; o conflito se instala e os mecanismos de poder evoluem. Um ex-diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CEHAR), de forma corajosa, registra num documento pessoal que, ''durante o período (1992-1996), percebi uma reação negativa dos membros do Conselho à implantação da monografia como requisito obrigatório e indispensável para a conclusão dos diversos cursos ali representados'' (Prof. Dr. Geraldo Inácio Filho, declaração de 09 de maio de 2006). Ou seja, havia uma resistência de coordenadores de cursos de graduação e chefes de departamento contra a proposta de implantação da produção monográfica na graduação.

 

6. Política universitária: mestrado em disseminação

Na década de 1990, o Ministério da Educação do Governo Federal brasileiro, em função da pressão da evolução educacional universitário, toma duas ações fundamentais para o sistema universitário brasileiro: credenciamento dos cursos de graduação vinculada a implantação da produção monográfica na grade curricular de graduação e, também, apoiou a disseminação dos programas de mestrado nas universidades brasileiras. E o conflito estava instalado: como produzir nos programas de mestrado se tinha uma ausência da produção monográfica na base, nos cursos de graduação? O desdobramento desse conflito será retomado na temática da ''origem social do ato de adoecer'', mais adiante.

 

7. Grupo de Estudos Metodológicos: GEM/UFU

Na proposta de trabalho da produção monográfica, duas posturas oriundas do corpo discente se manifestaram diante da ousadia: os resistentes a política da produção acadêmica, de um modo geral, bastante significativa e representativa, e aqueles motivados pela proposta acadêmica. O que fazer diante dessa encruzilhada? A atitude inicial foi criar o Grupo de Estudos Metodológicos (GEM/UFU) para apoiar e fundamentar uma base aos que conseguiam identificar uma perspectiva metodológica mais acadêmica para o futuro deles. No grupo, desde o primeiro semestre de 1985, promovia-se evento que desaguaria a produção pessoal de cada. Neste sentido, ocorreu o registro jornalístico de um meio de comunicação local: ''Debates movimentam alunos de 3 cursos na UFU'' (Correio de Uberlândia, Uberlândia, 25 de junho de 1985, p. 12). E os eventos foram ocupando espaço de forma significativa e, com isto, mostrava-se ao grupo resistente uma face da realidade conflituosa. Em 20 de julho de 2013, ocorreu o I º Encontro do GEM/ UFU, com quase todos os participantes com doutorado e professores universitários, originários da política de iniciação científica, envolvendo diversos cursos de graduação. Claro que após participarem de inúmeros eventos para a discussão das propostas pessoais de investigação, ao longo de todo esse período.

 

8. Fase de consolidação: política universitária e resistência explícita, 1994-1999

Nesta segunda etapa da análise, a fase de consolidação, demonstra-se uma política universitária de iniciação científica, instalada no Curso de Pedagogia, de forma institucional. E, também, toma corpo o mecanismo de resistência à proposta metodológica, configurando-se nos conflitos emergentes no interior do curso.

 

9. Curso de Pedagogia: política de iniciação científica

No ano de 1994, a coordenação do Curso de Pedagogia da UFU engajouse na proposta metodológica inovadora e resolveu bancar a proposta empreendedora no curso. Nesta nova etapa, a fase de consolidação, instalou- se com a proposta de implantação de uma política de iniciação científica ao curso de Pedagogia da UFU, com metas de curto, médio e longo prazos. Além disto, foco em três dimensões: ensino, pesquisa e extensão. A participação dos alunos se deu de forma significativa e representativa. Pensava-se que a permanente ida de equipes de alunos do Curso de Pedagogia/UFU aos eventos acadêmicos regionais e nacionais nas universidades brasileiras significava um avanço indescritível que se transformou numa conquista sem retrocesso. Porém, aí residiu um equívoco histórico do docente metodólogo, pois o mecanismo de auto sabotagem só se fortaleceu.

 

10. Propostas de Inovação: projetos

No período que se desenvolveu a proposta de trabalho metodológica, no Curso de Pedagogia, por intermédio da política de iniciação científica, alguns projetos propostos e amadurecidos foram implantados e desenvolvidos de forma gratificante, com um retorno significativo para o corpo discente. Claro para aquele segmento que se envolvia diretamente com as propostas de trabalho em evolução. Aqueles discentes que acatavam a diretriz desafiante e iam adiante com as suas propostas de trabalho. Mas, também existia aquele segmento que procurava obstáculos para impedir o avanço metodológico da produção monográfica. Para isto conseguia articular a resistência com o poder público municipal, para evitar investigar a rede municipal e, assim, inviabilizar qualquer proposta de pesquisa. Hoje, após a atuação de quase quinze anos como membro do Comitê de Pesquisa com Seres Humanos, temos conhecimento da resistência oriunda do poder público municipal, como forma de preservação das suas estruturas de poder. E, então, existe a proibição ou o controle das propostas de pesquisa sobre a temática educacional envolvendo a rede municipal.

 

11. Resistência manifestada: conflitos emergentes

Só que o movimento histórico não se apaga, concretamente. E o registro do adoecimento do corpo docente e discente emerge de forma marcante, pois o conflito se manifesta de forma permanente. A origem do problema reside no descompasso entre o investimento da produção monográfica lá na base, na graduação, e, então, o problema emerge no programa de mestrado, pois aquele aluno sem competência para uma inserção na pesquisa e a cobrança recairá essencialmente na proposta da produção monográfica. Os registros históricos e oficiais do grau de adoecimento social são representativos do problema vivenciado de forma real. Apesar de não termos uma fonte estatística institucional, a convivência cotidiana atesta a gravidade da situação histórica.

 

12. Fase de expansão: diretriz institucional e mecanismo de auto sabotagem, 2000-2015

Na terceira fase, a de expansão, o objetivo será identificar a diretriz institucional implantada no Curso de Filosofia e, então, demonstrar como o mecanismo de auto sabotagem se aperfeiçoa e traz um horizonte analítico sobre a temática da ''origem social do ato de adoecer'' que se transforma na linha de investigação do pesquisador.

 

13. Resistência institucional contraditória: avanços e desafios

Após a experiência institucional vivenciada no Curso de Pedagogia, com o ganho da percepção da correlação de forças de segmentos não protagonistas no cenário educacional, provocando uma dimensão de maturidade política não facilmente perceptível, a opção que nos restou foi ir com mais cuidado e, inclusive, procurando preservar a carreira acadêmica, com certeza, pois o espaço do poder municipal não tem limites éticos de perseguição pessoal e individual. Que não se provoque que a resposta virá, sem sombra de dúvidas. Neste cenário, os avanços eram reais e historicamente identificáveis, porém existiam variáveis internas e externas que não participavam do processo de construção da proposta de trabalho acadêmica.

 

14. Filosofia: proposta institucional

Neste ambiente institucionalmente conflituoso, passou-se a ponderar a inserção em alguns cursos, como enfermagem e design de interiores, sem ambições. Porém mantendo a proposta da produção monográfica, sem divulgação na comunidade. E essa mentalidade prudente foi fundamental para instalar a política de iniciação científica no curso de filosofia, com o apoio do coordenador do curso e o aval do colegiado. E agora com uma maturidade oriunda das resistências do corpo discente manifestadas historicamente. E o destaque da proposta da diretriz instalada configurou-se nos eventos de Iniciação Científica que passaram a realização no início do ano letivo, com os trabalhos monográficos produzidos no ano anterior. Tornaram-se uma expectativa na comunidade oferecida aos ingressantes do vestibular. Contudo, a resistência do corpo discente era residual e de forma diferente, pois havia a obrigatoriedade do Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC.

 

15. Mecanismos de auto sabotagem: ''origem social do ato de adoecer''

Diante deste quadro historicamente construído, desde 1985 até 2015, período de ingresso no sistema federal universitário brasileiro e ano de aposentadoria do docente, o ganho fundamental foi a percepção dos mecanismos de auto sabotagem, inicialmente, e a evolução da compreensão da ''origem social do ato de adoecer'' como ápice do processo de apreensão dos mecanismos de auto sabotagem manifestada pelo corpo discente. Por tudo isto, vislumbrou-se um tema contemporâneo que jamais teria foco com a própria percepção do pesquisador. O mundo de adversidade permitiu evoluir para uma temática significativa, principalmente no mundo acadêmico, por intermédio da síndrome de burnout.

 

16. Ganho temático: nova caminhada

A resistência manifestada pelo segmento discente, por intermédio dos mecanismos de auto sabotagem, vivenciado cotidianamente pela prática metodológica do docente, no seu processo de trabalho didático do desafio da produção monográfica, despertou no docente um olhar para a linha de investigação nebulosa e totalmente desconhecida e desafiante: ''a origem social do ato de adoecer''. Nesta via de pesquisa, ocorreu o encontro com a sociologia das emoções, por um lado, e a sociologia da linguagem corporal, pelo outro. Ambas se encaixaram com a fonte inicial da resistência do corpo discente dos mecanismos de auto sabotagem. E também acontecendo um acontecimento dos Grupos Temáticos envolvendo a Sociologia das Emoções e do Corpo nos Congressos Latino Americanos e Internacionais. Tudo muito inicial. Numa viagem a um evento de Portugal, para discutir essa temática, e, num levantamento bibliográfico preliminar numa biblioteca de referência de Lisboa, ocorreu a descoberta de um riquíssimo acervo documental memorialista acerca do assunto. Com isto, a nossa percepção inicial começava a ter um norte motivante do problema, pois o volume de memorialistas que abordavam o sofrimento emocional com a patologia era altamente representativo. A sensação metodológica de que o caminho era desafiante para uma investigação temática: o vínculo das emoções com a linguagem corporal, por intermédio da patologia do câncer. Pode-se afirmar, com certeza, que o mecanismo de auto sabotagem despertou o olhar do metodólogo para a percepção do sofrimento da doença.

 

17. Conclusão

Diante deste cenário descrito, no qual se registra a proposta de trabalho da produção monográfica, por fases de implantação, consolidação e expansão, construídas historicamente e que a lição que se apreende é a percepção da resistência dos mecanismos de auto sabotagem oriunda do corpo discente como fonte de se manifestar contrário à proposta de inovação didática na via metodológica. Na verdade, o recurso da negação do corpo discente é limitado, pois não tem poder o suficiente para se contrapor ao processo histórico dos avanços na realidade profissional. Entretanto, o salto realmente significativo foi formatar a percepção do docente para um salto maior e ter a consciência da resistência do mecanismo de auto sabotagem como uma fonte de compreender ''a origem social do ato de adoecer'' e, então, buscar apreender como esse vínculo emoção-adoecimento se inicia lá nos mecanismos de auto sabotagem por motivação educacional. Em função de que um longo percurso histórico também permite apreender a história de vida do segmento discente como profissional e, então, percebe-se a evolução do discente, como ele reage as adversidades e, posteriormente, como acontecem as reações do especialista educacional aos desafios da vida profissional. Todo esse acompanhamento cotidiano e assistemático tornou viável identificar o processo histórico daquele discente diante do cenário profissional. O laboratório da vida real demonstra a realidade como ela é e funciona, realmente. Sem máscaras e representações! Na atualidade, o desafio que move este pesquisador é compreender, por intermédio dos registros memorialistas dos portadores de câncer que deixaram uma memória documental impressa, qual é o vínculo da doença com as emoções, como ocorre a linguagem corporal diante do problema de sofrimento pessoal.

 


Notas

1Aqui, deve-se sinalizar que esta versão é uma leitura oficial do processo histórico oriunda do docente, claro.


 

Referências

Freire, P. (1978). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Freire, P. (2000). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Hermes, P., & Rosner, S. (2009). O Ciclo da auto sabotagem: por que repetimos atitudes que destroem nossos relacionamentos e nos fazem sofrer. Rio de Janeiro: Best Seller.